Fatores perioperatórios associados a estabilidade hemodinâmica e vitalidade do enxerto em pacientes submetidos a transplante renal

Abstract

OBJETIVOS: O transplante renal é a medida terapêutica de escolha em pacientes com doença renal crônica dialítica, já que ele prorporciona uma à melhor qualidade de vida e maior sobrevida dos pacientes. O sucesso do transplante renal e, consequentemente, o bom funcionamento do enxerto depende de uma boa técnica cirúrgica, uma anestesia que assegure a estabilidade hemodinâmica do receptor e condições adequadas do enxerto. O regime de hidratação, a origem do órgão, a técnica anestésica e os fármacos utilizados são alguns dos fatores que podem interferir na perfusão do enxerto e comprometer sua viabilidade. Este estudo visou avaliar os fatores perioperatórios associados com a estabilidade hemodinâmica intraoperatória, diurese precoce e função retardada do enxerto em pacientes submetidos ao transplante renal em nossa instituição em Recife, Brasil. MÉTODO: Nesse estudo retrospectivo, analizamos 310 pacientes (67.7% homens e 92.6% doadores cadáveres que foram submetidos a transplante renal durante o período de 2011 e 2013 no Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira – IMIP. A regressão logística foi utilizada para construção dos modelos dos desfechos avaliados, Os dados foram analisados utilizando o programa software R Studio. RESULTADOS: Apresentaram instabilidade hemodinâmica 81 pacientes, 30 (26,8%) que receberam anestesia geral e 51 (25,8%) anestesa combinada. Dentre os fatores relacionados a instabilidade hemodinâmica os rins de doadores vivos, regimes de hidratação ≥ 50mL/kg e tempo de isquemia inferior a 24 horas apresentaram-se como fatores protetores. Na análise miltivariada a anestesia combinada não representou fator de risco para instabilidade hemodinâmica (p = 0.0728). No modelo avaliando as utilizando a técnica stepwise backward e AIC para seleção das variáveis explicativas. 11

variáveis relacionadas a diurese precoce o regime de hidratação ≥ 50mL/kg comportou- se como fator de proteção, já o tempo de isquemia fria > 36 horas, diálise > 60 meses e diabetes Mellitus como fatores de risco.A acurâcia deste modelo foi de 68,8% calculada pela área abaixo da curva ROC. A incidência de Função Retardada do Enxerto (FRE) na população do estudo foi de 77,8%, com taxas de 8,7% para os pacientes com rins oriundos de doadores vivos e 83,5% para os rins de doadores cadaveres. Dentre as variáveis associados a FRE rins de doadores vivos) e diurese precoce comportaram-se como fatores de proteção, já a anestesia combinada (OR: 5.51, IC 95%: 2.51 - 13.36), regimes de hidratação < 50mL/kg, tempo de diálise > 60 meses e imunossupressores (Basiliximab ou Timoglobulina) como fatores de risco. A acurâcia deste modelo foi de 93,2% calculada pela área abaixo da curva ROC. CONCLUSÃO: Os resultados obtidos neste estudo demonstram que a anestesia combinada é uma técnica segura com incidência de hipotensão comparável a anestesia geral, entretanto comportando-se como um fator de risco para FRE. Regimes de hidratação mais liberais e rins de doadores vivos foram identificados como fatores de proteção em relação a instabilidade hemodinâmica e FRE, associando-se positivamente com diurese precoce. A utilização de imunossupressores estive relacionada com maiores taxas de FRE, com uma associação menor da timoglobulina quando comparada como basiliximab.