Extubação paliativa em pediatria: série de casos no nordeste do Brasil

Abstract

Introdução: o desenvolvimento de terapias de suporte de vida possibilitou a sobrevida de crianças e adolescentes com doenças graves e complexas, porém nem sempre associada à melhora do prognóstico ou da qualidade de vida. A extubação paliativa (EP) faz parte do debate sobre a limitação das terapias de suporte a vida (LTSV) como parte dos planos avançados de cuidados paliativos (CP), em pacientes em fim de vida, onde a morte é um desfecho provável. Nestes casos o controle de sintomas, o conforto do paciente e permitir a evolução natural da doença podem ser prioridades em relação ao prolongamento da vida, podendo ser optado por LTSV. A EP é a retirada da ventilação mecânica invasiva (VMI) nestes contexto. É um procedimento de difícil decisão sobre o qual há escassez de estudos em pediatria, principalmente na América Latina. Objetivo: descrever os desfechos, as características clínicas e os procedimentos realizados em pacientes submetidos a EP nas Unidades de Terapia Intensiva Pediátricas (UTIP) do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP), hospital-escola no nordeste brasileiro. Métodos: Estudo descritivo, do tipo série de casos, incluindo pacientes menores de 14 anos de idade submetidos à EP na UTIP do IMIP entre 2016 e 2023. Foram identificados 35 pacientes em banco de dados do serviço, 27 foram incluídos no estudo. Foram coletados no prontuário médico dados relativos aos diagnósticos de internamento, indicação da EP, terapias utilizadas, e os desfechos após o procedimento. Resultados: 27 pacientes foram incluídos no estudo, com idade entre cinco dias e 10 anos, mediana de 4 meses e IIQ25-75 de 2 e 13 meses , 51.8% do sexo feminino. À admissão, 77,8% apresentava e todos se enquadravam para indicação de CP. O comprometimento neurológico grave, falha de terapias curativas e falha de tentativa de desmame de VMI contribuíram para a indicação de EP. Em 74% dos casos CP já haviam sido abordados previamente com a família. Após a EP, 48,1% apresentaram sintomas sendo a dispneia (84,6%) e a agitação (53,8%) os mais frequentes. O óbito ocorreu em 88,8% das crianças, entre 20 minutos e 38 dias após o procedimento. Em 3 casos pacientes receberam alta hospitalar Conclusão: A EP foi realizada principalmente em lactentes com indicação de CP, com doenças crônicas complexas, comprometimento neurológico e falha terapêutica. O óbito foi o desfecho mais frequente, correndo em até 38 dias. 3 crianças tiveram alta hospitalar. Faz-se necessário mais estudos em relação a indicação, tomada de decisão e aspectos técnicos envolvidos na EP em pediatria.

Introduction: the development of life support therapies has enabled the survival of children with serious and complex illnesses, but this is not always associated with improved prognosis or quality of life. Palliative extubation (EP) is part of the debate about limiting life-sustaining therapies (LTSV) as part of advanced palliative care (CP) plans in patients at the end of life, where death is a likely outcome. In these cases, symptom control, comfort and allowing the natural evolution of the disease may be priorities in relation to prolonging life, and LTSV may be opted for. EP is the withdrawal of invasive mechanical ventilation (VMI) in these contexts. It is a difficult procedure to decide on and there is a lack of studies in pediatrics, especially in Latin America. Objective: to describe the outcomes, clinical characteristics and procedures performed in patients undergoing EP in the Pediatric Intensive Care Units (UTIP) of the Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP), a teaching hospital in the Brazilian northeastern. Methods: This is a descriptive case series analysis, including patients under 14 years of age who underwent EP in the IMIP UTIP between 2016 and 2023. Data related to hospitalization diagnoses, indication for EP, therapies used, the steps before and after the procedure and the outcomes were consulted in the patient medical records. Results: 27 patients were included in the study, aged between five days and 10 years, IIQ25-75 two and 13 months, 51.8% were female. At admission CP were indictable in all of them and 77.8% were diagnosed with an underlying chronic disease. Severe neurological impairment, failure of curative therapeutic proposals and failure to withdrawn mechanical ventilation where related with the indication of EP. In 74% of the patients, CP had previously been discussed with the family. After EP, 48.1% of patients presented symptoms, with dyspnea (84.6%) and agitation (53.8%) being the most common. Death occurred in 88.8% of children, between 20 minutes and 38 days after EP and 3 patients were discharged to home. Conclusion: EP was performed mainly in infants indicated for CP, with complex chronic diseases, neurological impairment and therapeutic failure. Death was the most frequent outcome, although three patients undergo home. More studies are needed regarding the indication, decision-making and technical aspects involved in PE in pediatrics.