Tolerância ao exercício, função pulmonar, força muscular respiratória e qualidade de vida em crianças e adolescentes com cardiopatia reumática

Abstract

INTRODUÇÃO: Crianças e adolescentes com cardiopatias podem apresentar prejuízo funcional em decorrência da própria doença, alterações respiratórias, tratamento, hábitos de vida e vários fatores envolvidos que ainda precisam ser esclarecidos, existe uma lacuna na literatura sobre esse assunto, principalmente tratando-se de cardiopatias de etiologia reumática. Poucos estudos com crianças e adolescentes com cardiopatia congênita correlacionam aspectos de função pulmonar com reduzida capacidade ao exercício. Porém estes desfechos não podem ser extrapolados para crianças e adolescentes com cardiopatia reumática. OBJETIVO: Avaliar tolerância ao exercício, força muscular respiratória, função pulmonar e qualidade de vida de crianças e adolescentes com cardiopatia reumática. MÉTODOS: Este foi um estudo transversal, descritivo-analítico, realizado no ambulatório do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira, onde foram avaliados crianças e adolescentes com cardiopatia reumática, de 8 a 16 anos de idade, no período de agosto a dezembro de 2014. Após seu consentimento e dos responsáveis, seguida de coleta de dados socioeconômicos e clínicos, os participantes responderam a um questionário de qualidade de vida, foram submetidos à espirometria, manovacuometria e ao teste de caminhada de seis minutos, para avaliação da função pulmonar, força muscular respiratória e tolerância ao exercício, respectivamente. As variáveis e seus valores de referência foram comparados pelo teste t pareado. Para as comparações das diferenças entre distância percorrida predita obtida através de equações de referência e a distância percorrida observada no teste de caminhada, levando em consideração a categorização dos participantes, foi utilizado o teste t. Correlações entre estas diferenças e outras variáveis quantitativas foram feitas pelo coeficiente de Pearson. O nível de significância estatística adotado foi 0,05. RESULTADOS: Participaram do estudo 56 indivíduos, dos quais 30 (53,6%) eram do sexo masculino, a média de idade foi de 12,9 anos. A média da distância percorrida observada foi de 516,18 m enquanto que a distância predita foi de 625,01 m, observando-se diferença significativa (p < 0,001). A força muscular expiratória também foi significativamente inferior aos valores preditos (p < 0,001). A função pulmonar e a força muscular inspiratória não demonstraram alteração com relação aos valores preditos normais para a mesma faixa etária. A diferença entre as distâncias predita e observada mostrou correlação positiva com a frequência cardíaca basal (r = 0,3545, p= 0,007), indicando que quanto menor a distância percorrida maior a frequência cardíaca antes do início do teste. A qualidade de vida foi cerca de 70% no aspecto geral, 77% no aspecto físico e 67% no psicossocial. CONCLUSÃO: Observou-se tolerância ao exercício reduzida em crianças e adolescentes com cardiopatia reumática onde, quanto maior a FC basal, pior o desempenho no TC6. Além disso, a força expiratória e a qualidade de vida percebida também se encontraram reduzidas. Não foram observadas alterações de função pulmonar e força muscular inspiratória.