Acidentes de transporte terrestre: avaliando a implantação da vigilância sentinela

Abstract

Objetivo: O presente estudo avaliou a implantação da Vigilância Sentinela de Acidentes de Transporte Terrestre em duas Regiões de Saúde Pernambuco, estimando o grau de implantação da intervenção e analisando a influência do contexto político e estrutural. Métodos: Procedeu-se à construção do modelo lógico da intervenção como recurso para elaborar as matrizes de julgamento do grau de implantação, aferido por meio do uso de três fontes de evidências: aplicação de questionários estruturados, documentos técnicos e observação direta. Os pontos de corte utilizados foram: 0 – 59%, intervenção não implantada; 60 – 80%, parcialmente implantada e 81 – 100%, intervenção implantada. A análise dos determinantes contextuais da implantação foi realizada com base no referencial teórico do modelo político e contingente, a partir da análise de conteúdo das entrevistas com informantes chaves. Resultados: A Vigilância Sentinela de Acidentes de Transporte Terrestre foi classificada como não implantada no Caso I e parcialmente implantada no Caso II, com 58,2% e 66,6% de adequação das ações aos parâmetros propostos respectivamente. Na influência do contexto político destacou-se a ausência de autonomia dos gestores que contribuísse para a estruturação da área técnica de vigilância de acidentes nas unidades administrativas no âmbito regional. No contexto estrutural, evidenciou-se como fator restritivo à implantação a centralização das ações da referida vigilância como atribuição dos gestores das Geres, reforçando a escassez de recursos humanos especializados tecnicamente para desenvolver as atividades. Conclusões: Observou-se a influência contextual restritiva da política de recursos humanos na Secretaria Estadual de Saúde à implantação da Vigilância Sentinela de Acidentes de Transporte Terrestre. Ressalta-se ainda a importância da intervenção em análise enquanto prioridade de gestão, que contribui para o enfrentamento de grave problema de saúde pública: a crescente morbimortalidade por acidentes de transporte terrestre. A avaliação realizada pode indicar o ponto de partida para a reorientação das ações, possibilitando a reflexão dos gestores e técnicos sobre as práticas e a incorporação de conhecimentos para além das Regiões de Saúde avaliadas.