Deficiência de vitamina a na gestação: revisão crítica e uma avaliação de usuárias de um centro de referência materno-infantil do brasil

Abstract

Cenário: a vitamina A é um micronutriente de importância crucial para o binômio materno-fetal, sendo indispensável para o desenvolvimento morfo-funcional e integridade ocular. Apresenta ainda efeitos sistêmicos em vários órgãos e esqueleto fetais, resultando assim, no aumento da sua necessidade na gestação. A deficiência de vitamina A (DVA) é a principal causa de cegueira evitável no mundo. Em gestantes a DVA é um problema de saúde pública em grande parte dos países em desenvolvimento. No Brasil, os dados disponíveis são insuficientes para estabelecer sua prevalência e gravidade na gestação em nível nacional, regional e microrregional. Objetivo: analisar o estado nutricional de vitamina A em gestantes atendidas num centro de referência materno-infantil do Nordeste do Brasil. Método: estudo seccional operacionalizado com dados primários do inquérito “Estado nutricional de gestantes: aspectos metodológicos, epidemiológicos e implicações na assistência pré-natal” com amostra de 676 gestantes. O retinol sérico foi avaliado pelo High Perfomance Liquid Chromatography, determinando-se a infecção subclínica através de proteína C-reativa (PCR). A análise da prevalência, níveis de classificação de resultados e interferência de PCR seguiram os critérios da OMS. Os dados referentes a prevalência dos valores deficientes/baixos e aceitáveis de retinol sérico, assim como da proteína C-reativa (PCR) foram apresentados através de frequências relativas e intervalos de confiança (IC) de 95%. Para a relação entre a classificação dos níveis de retinol sérico e a PCR foi aplicado o teste de Qui-quadrado e quando necessário o Exato de Fisher, com nível de significância p < 0,05. Para estudar a prevalência da DVA associada às classificações das variáveis exploratórias, foram ajustados modelos de regressão simples e múltipla de Poisson, estimando-se as razões de prevalência (RP) brutas, ajustadas e os respectivos IC de 95%. Habilitaram-se a entrar na análise multivariada as variáveis que apresentaram valor p < 0,20 na análise univariada, e permaneceram no modelo final aquelas com valor p < 0,05. A significância estatística de cada variável foi avaliada através do teste de Wald. O estudo original foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira com Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) no 13448413.6.0000.5201. Resultados: a prevalência de DVA (valores <0,70 μmol/L) foi de 6,2% (IC95% 4,5;8,3). Nas análises univariadas foram estaticamente significantes para a situação de DVA as variáveis menos de 12 anos de escolaridade, terceiro trimestre gestacional e anemia. No modelo multivariado final, analisando 5 grupos de fatores permaneceram como riscos: o terceiro trimestre de gestação com RP 2,85 (IC95% 1,52;5,36) e ocorrência de anemia com RP 2,04 (IC95% 1,14;3,64). Conclusão: a DVA é um problema de saúde pública leve em gestantes avaliadas num centro de referência do Nordeste do Brasil sendo associada ao terceiro trimestre gestacional e a anemia materna.