Efeito do exercício físico aquático no diabetes mellitus gestacional: ensaio clínico

Abstract

Introdução: a prática de exercício físico regular tem sido considerada como uma das medidas mais importantes para a prevenção e controle do DM tipo 2 (DM2) e suas morbidades relacionadas. Estudos tem sido desenvolvido para avaliar o impacto e a segurança do exercício no tratamento do diabetes mellitus gestacional (DMG). Objetivo: avaliar os efeitos agudos do exercício físico aquático na glicemia, parâmetros hemodinâmicos maternos e frequência cardíaca fetal em gestantes com diabetes mellitus gestacional. Metodologia: ensaio clínico, não-randomizado, realizado no Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira – IMIP, Recife, Pernambuco, Brasil, entre abril e dezembro de 2016. Foram incluídas 70 gestantes alocadas em dois grupos: gestantes com (35) e sem DMG (35). Foram incluídas gestantes maiores de 18 anos; idade gestacional entre a 26ª e 32ª semanas; sedentária; e estação única e foram excluídas aquelas com doença renal ou colagenoses; história prévia de DMG; diabetes tipo 1 ou tipo 2; hipertensão arterial grave; trabalho de parto; sangramento vaginal; déficit cognitivo, auditivo, visual ou motor severamente limitante, atestado por um médico especialista; afecções cutâneas; infecção urinária; condições fetais e/ou maternas adversas). Para caracterização da amostra foram mensuradas as variáveis: idade materna; procedência; viver com companheiro; escolaridade; ocupação; renda familiar per capita; alcoolismo; tabagismo; idade gestacional; paridade; peso materno; altura materna; e índice de massa corpórea. Os desfechos primários considerados foram: glicemia; pressão arterial (PA); frequência cardíaca (FC); saturação de oxigênio (SpO2); frequência respiratória (FR); e frequência cardíaca fetal (FCF). Todas as gestantes foram submetidas a uma sessão de exercício físico aquático baseada nas recomendações da American College of Obstetricians and Gynecologists(ACOG), composta por cinco fases: alongamento e aquecimento, exercícios aeróbicos, exercícios de fortalecimento muscular, desaquecimento e relaxamento. Para comparação entre os grupos foram calculadas estatísticas descritivas, testes t de student pareado (intragrupo) e para amostras independentes (intergrupo). Em todas as análises foi adotado um nível de significância de 0,05. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do IMIP (CAAE15469113.0.0000.5201). Resultados: na análise intragrupo, antes e depois da intervenção, verificou-se um aumento significante na média da FR (21,1±3,3 irpm vs 23,1±2,9 irpm; p=0,003) e uma diminuição na média da glicemia materna (94,1±10,9 mg/dL vs 78,6±7,7 mg/dL p<0.001) nas gestantes com DMG. Enquanto, nasgestantes sem DMG houve um aumento significante na média da PAS (115,7±12,7 mmHg vs 120.3±12.0 mmHg; p=0.01) e na FR (23,2±10,3 irpm vs 24,5±9,3 irpm; p=0,042) e uma diminuição na média da glicemia materna (90,7±15,6mg/dL vs 82,3±15,3 mg/dL; p<0.001). Na análise intergrupo, observou-se uma diferença na média antes e depois da intervenção com uma queda da glicemia materna mais acentuada nas gestantes com DMG (-15.5 mg/dL vs -8.5 mg/dL; p=0,007). Os demais parâmetros avaliados não apresentaram diferença significativa quando comparados intragrupo e intergrupo. Potenciais efeitos adversos da intervenção não foram observados em nenhuma das gestantes estudadas. Conclusões: o protocolo de exercício físico aquático proposto é capaz de promover respostas agudas, metabólicas e hemodinâmicas maternas e fetal, em gestantes com e sem DMG, dentro de parâmetros seguros para populaçãoavaliada. ClinicalTrials.gov ID: NCT02931656