Avaliação dos atributos da atenção primária à saúde da criança em unidades da estratégia saúde da família em Pernambuco

Abstract

Introdução: Como organizadora dos sistemas de saúde, a Atenção Primária deverá assumir alguns atributos, a exemplo do acesso de primeiro contato, longitudinalidade, integralidade, coordenação, orientação comunitária e enfoque familiar. Objetivos: Analisar a avaliação dos atributos da Atenção Básica feita por usuários de unidades básicas de saúde brasileiras, mediante utilização de adaptações do instrumento Primary Care Assessment Tool (PCATool) para o Brasil; Avaliar a presença e extensão dos atributos da Atenção Primária à Saúde da criança em unidades da Estratégia Saúde da Família de três municípios de Pernambuco. Métodos: Para responder ao primeiro objetivo, foi realizada revisão sistemática da literatura publicada nas bases de dados Pubmed, Lilacs, IBECS, Scielo e BDTD, entre os anos 2000 a 2013, a partir dos descritores em saúde "Atenção primária à saúde", "Avaliação de serviços de saúde" e "Avaliação de programas e projetos de saúde" e seus correspondentes em inglês. Para responder ao segundo objetivo, foi executado estudo transversal, com 431 cuidadores de crianças menores de um ano e 33 profissionais de saúde (médicos e enfermeiros), realizado a partir do instrumento PCATool – Brasil. Na análise dos atributos, computaram-se os escores de cada um e o escore geral da APS. Os valores ≥ a 6,6 foram classificados como altos. Resultados: No estudo de revisão sistemática, foram encontrados 4.405 documentos, sendo selecionados 23 textos completos. Após leitura integral e aplicação dos critérios de elegibilidade, 14 artigos foram avaliados. Os estudos evidenciaram que a Atenção Básica tem bom desempenho nos atributos longitudinalidade, integralidade e coordenação e pior desempenho nos atributos acesso de primeiro contato, orientação familiar e orientação comunitária, mesmo nas unidades básicas com Saúde da Família. No estudo transversal, os resultados demostraram predominância de mães como cuidadoras das crianças, adultas jovens, com escolaridade e renda familiar baixas, pertencentes à classe econômica C. Apesar do escore geral da Atenção Primária à Saúde da criança nos municípios estudados ter sido considerado satisfatório (≥ 6,6) na perspectiva de usuários e provedores do cuidado, os dados demonstram que as expectativas desses atores são divergentes em relação às dimensões estudadas. Sob a ótica dos usuários, os atributos acesso – utilização, longitudinalidade e coordenação foram bem avaliados nos três municípios. Por sua vez, os atributos integralidade – serviços disponíveis, orientação familiar, orientação comunitária e acesso – acessibilidade alcançaram baixo escore (< 6,6), esse último, exceto no município 3. Sob a ótica dos profissionais de saúde, à exceção do atributo acesso – acessibilidade, todos foram avaliados como satisfatórios (≥ 6,6). Quando comparados usuários e profissionais de saúde, estes últimos são mais otimistas em relação à presença e extensão da maioria dos atributos da APS. Apenas o atributo acesso – acessibilidade, mesmo sendo considerado de baixo escore (< 6,6), foi melhor avaliado na perspectiva dos usuários. Conclusões: Os resultados do estudo transversal assemelham-se àqueles da revisão sistemática, uma vez que também foi demostrado que usuários das unidades básicas de saúde brasileiras, avaliaram com baixos escores os atributos acesso de primeiro contato, enfoque familiar e orientação comunitária. Por sua vez, os profissionais de saúde julgam com melhores escores a presença e extensão dos atributos da APS. Esses resultados pretendem servir a gestores e profissionais de saúde para reflexão das práticas adotadas e para tomada de decisão.