Incidência de dislipidemia e disglicemia em portadores de neoplasia de próstata em terapia de privação androgênica no ambulatório de oncogeriatria do IMIP

Abstract

Introdução: As melhorias do serviço e integralidade da saúde vêm proporcionando uma maior expectativa de vida à população, fato que está diretamente relacionado ao aumento dos índices de câncer, em especial o de próstata. Para o Brasil, estimam-se 68.220 casos novos de câncer de próstata para cada ano do biênio 2018-2019. Esses valores correspondem a um risco estimado de 66,12 casos novos a cada 100 mil homens. Por tratar-se de uma neoplasia predominante na população idosa e frequentemente oligossintomática, é comum que haja um extenso período entre o diagnóstico e o curso da doença, devendo ser considerados os efeitos adversos do tratamento realizado - dentre eles, a terapia de privação androgênica (TPA). Estão entre os principais efeitos adversos desta terapia o aumento da resistência à insulina, hiperglicemia, dislipidemia e síndrome metabólica, o que pode ocasionar eventos coronarianos e mortalidade por doenças cardiovasculares. Objetivo: O objetivo do estudo foi avaliar a incidência de disglicemia e dislipidemia em idosos portadores de câncer de próstata em terapia de privação androgênica. Método: Trata-se de um estudo transversal, realizado no ambulatório de Oncogeriatria do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira. A coleta de dados foi realizada no período entre janeiro e maio de 2018. O instrumento de coleta de dados foi desenvolvido pelas pesquisadoras e as informações foram extraídas do sistema de dados do serviço e revisão dos prontuários dos pacientes. Foram coletadas informações gerais do banco de dados, feita a revisão dos prontuários e extraídos os exames laboratoriais, como glicemia, colesterol total e frações e triglicerídeos. As principais combinações estabelecidas relacionadas aos exames foram entre tempo de tratamento e achados bioquímicos; e uso de medicação para disglicemia e dislipidemia antes e após a TPA medicamentosa. Foram consideradas estatisticamente significantes resultados com valor de p < 0,05. Resultados: Foram analisados 61 pacientes, cuja idade média foi de 72,8 anos, sendo que a análise do perfil glicêmico e lipídico apontou alterações em 18% dos pacientes. Observou-se a ocorrência de novos diagnósticos para dislipidemia em aproximadamente 6,5% dos pacientes e diabetes mellitus (DM), também ocorreu em 6,5%. Quanto ao uso de medicação de DM e dislipidemia antes e após o início da terapia, houve um aumento no uso de medicamentos para tais comorbidades. Conclusão: Foi observado um aumento na incidência de dislipidemia e disglicemia após o uso da TPA. Houve, ainda, a confirmação da relação entre dislipidemia e o tempo de tratamento da TPA, enquanto a relação entre DM e TPA permanece indefinida na população estudada.