Elaboração e validação de protocolo institucional de extubação paliativa do IMIP

Abstract

Referencial teórico: Para garantir uma prestação de cuidados de fim de vida de forma ampla e integral , não basta apenas limitar a instituição de medidas salvadoras, pode-se também suspender os suportes avançados já instituídos, quando a recuperação da saúde não for mais possível, pois a manutenção dessa denota o prolongamento do processo de morte. A grande dificuldade para proceder a suspensão desses suportes artificiais, principalmente o de ventilação mecânica, é a falsa concepção de estar se praticando a eutanásia, ou seja, a provocação da morte de um doente que está em sofrimento. A extubação paliativa, que é a interrupção da ventilação mecânica (VM) e a retirada do tubo orotraqueal (TOT), com a probabilidade de óbito, logo após a sua realização, é a que mais causa receio entre os profissionais da unidade de terapia intensiva (UTI). Objetivo: Elaborar e validar um protocolo de Extubação Paliativa do IMIP, capaz de fornecer subsídio técnico-prático para a condução desse procedimento, nas UTIs do IMIP, de forma segura e uniformizada, respaldado na literatura nacional e internacional sobre o assunto e respeitando a regulamentação do Conselho Federal de Medicina (CFM) e as orientações do Código de Ética Médica (CEM). Metodologia: Estudo metodológico realizado pela equipe de cuidados paliativos do IMIP, para a elaboração e a validação do protocolo assistencial para retirada da ventilação mecânica, nas unidades que oferecem suporte avançado a vida (SAV), em pacientes com doença em fase terminal e sem perspectiva de reversão com o uso do suporte artificial. O desenvolvimento do referido estudo se deu em três etapas: a elaboração do conteúdo, baseado nas evidências científicas disponíveis, a discussão das principais condutas frente a um grupo de consenso e a validação do conteúdo do protocolo, por meio da análise de juízes especialistas. Resultados: Foram selecionados 43 artigos para a elaboração do protocolo inicial, estruturado em múltiplos tópicos, desde a definição de termos e conceitos, até a retirada da VM e TOT, além da orientação do fluxo do paciente em caso de sobrevivência. A validação do conteúdo contou com três juízes especialistas, e foi realizada em dois momentos, com aprovação final próxima a 100%. Além do protocolo, em duas versões, a completa (extensa e com todo detalhamento conceitual, ético e prático) e a simplificada (para consulta dos profissionais à beira do leito), escrevemos um artigo para publicação em revista nacional de referência na área de Terapia Intensiva. Conclusão: Nosso protocolo final inclui instruções detalhadas para a extubação paliativa e retirada de demais medidas de SAV que devem ser realizadas para a execução segura e legal desse tratamento paliativo. Os resultados deste estudo têm várias implicações para a prática e disseminação da extubação paliativa em situações de final de vida. Usando nosso protocolo, muitas instituições poderão realizar a extubação terminal de forma segura, respeitando os preceitos éticos e legais necessários.