A eficácia do lockdown como principal estratégia de vigilância epidemiológica para conter a transmissão da covid-19 no arquipélago de Fernando de Noronha/Brasil: um estudo de coorte

Abstract

Objetivo: Descrever o impacto da estratégia de vigilância e controle epidemiológico no combate a transmissão de COVID-19 no Arquipélago de Fernando de Noronha. Métodos: Estudo de coorte realizado de maio/2020 a janeiro/2021 no arquipélago de Fernando de Noronha, Pernambuco, Brasil. A coleta de dados e amostra biológica de controle epidemiológico na transmissão da COVID-19 foi realizada em quatro períodos diferentes, denominados fase 1, 2, 3 e 4. Foram realizadas análises das frequências absolutas, relativas das variáveis sociodemográficas e clínicos de grupos de participantes com testes de COVID-19 positivos e negativos realizados por reação de polimerase em cadeia (PCR em tempo real – RT PCR) e dos sintomas clínicos dos participantes que apresentaram anticorpos IgG anti-COVID-19. O estudo foi aprovado pelo Comitê Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), conforme Resolução n° 466/2012, relativas à ética em pesquisa envolvendo seres humanos. Resultados: Dos 904 participantes selecionados, 26 foram excluídos na Fase 1 (n= 878) por recusa à testagem. Pelo mesmo motivo, foram 759 participantes na fase 2; 708 participantes na Fase 3, e 453 participantes na Fase 4. Houve predomínio de participantes do sexo feminino, com idade acima de 18 anos e ensino fundamental completo. A maioria dos participantes com testes de RT-PCR positivos para COVID-19 foram assintomáticos. A análise de IgG anti-COVID-19 no soro dos participantes durante as quatro fases, verificou presença de níveis séricos mais elevados do anticorpo nas amostras de soro da primeira fase do estudo se comparado as fases 2, 3 e 4. Houve redução nos valores de mediana dos níveis de IgG anti-COVID-19 entre as fases 1 vs 2, 2 vs 3, 3 vs 4. Os participantes com IgG anti-COVID-19 no sangue relataram que, apresentaram sintomas nas quatro fases. Destes, os sintomas mais frequentes foram: febre, coriza, tosse e cefaleia. Conclusão: Conclui-se com este estudo que as estratégias sanitárias adotadas no AFN como isolamento, distanciamento social e a suspensão do turismo entre março e agosto de 2020 foram eficazes para conter a transmissão de casos de COVID-19 no arquipélago de Fernando de Noronha.