Efetividade da ventilação não invasiva profilática sobre a função respiratória no pós-operatório de cirurgia cardíaca pediátrica

Abstract

INTRODUÇÃO: As complicações pulmonares derivadas das cirurgias cardíacas são as causas mais frequentes de morbidade desses procedimentos, a ventilação não invasiva (VNI) é utilizada para minimizar essas complicações, porém são escassos na literatura estudos que avaliem a utilização desse recurso de forma profilática na população pediátrica. OBJETIVO: avaliar a efetividade da VNI profilática, no modo CPAP (pressão positiva contínua em vias aéreas), sobre a função respiratória em crianças e adolescentes de sete a 16 anos no pós-operatório de cirurgia cardíaca. MÉTODOS: ensaio clínico randomizado aberto, com 50 crianças e adolescentes, com faixa etária de sete a 16 anos, submetidas à cirurgia cardíaca por esternotomia mediana e admitidas na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP). Foram excluídos no pré-operatório, pacientes que apresentassem instabilidade hemodinâmica, presença de contraindicação ao uso da VNI, doença pulmonar crônica ou inaptidão para realização das técnicas de avaliação. Após extubação traqueal, randomizou-se em grupo controle (n=26), que recebeu orientações quanto a postura, deambulação precoce e estímulo à tosse, e grupo CPAP (n=24), que além dessas, realizou VNI com CPAP =10 cmH20 duas vezes ao dia, durante 30 minutos, do 1° ao 5o dia pós-operatório (DPO). Os grupos foram avaliados no pré- ooo operatório e 1 , 3 e 5 DPO, quanto a função respiratória, que foi avaliada através das variáveis: frequência respiratória (FR), volume corrente, capacidade vital lenta, capacidade inspiratória, volume minuto (VM), pico de fluxo expiratório (PFE) e pressão inspiratória máxima (Pimáx). Os tempos de permanência hospitalar e na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) foram analisados. RESULTADOS: na comparação intragrupos, todas as variáveis, exceto FR e VM, apresentaram queda significativa no 1° DPO (p < 0,05), com gradual recuperação, porém apenas a Pimáx retornou aos valores pré-operatórios no 5° DPO nos grupos. Na análise intergrupos, observou-se melhora significativa no grupo CPAP apenas do PFE no 1° DPO (p = 0,042). Não se verificou diferença significativa intergrupos nos tempos de permanência hospitalar e na UTI. CONCLUSÃO: observaram-se prejuízos na função respiratória que se perpetuaram até o 5° DPO, onde apenas a PImáx retornou aos valores pré-operatórios. A VNI foi segura e bem aceita pelos pacientes, e o protocolo proposto foi efetivo na melhora do PFE no 1° DPO