Resultados maternos e perinatais e sua associação com o volume de líquido amniótico nas gestantes com ruptura prematura das membranas pré-termo em uma maternidade escola no nordeste do brasil: estudo de coorte retrospectivo

Abstract

Cenário: aRuptura Prematura das Membranas (RPM) ocorre em aproximadamente 8% a 10% das gestações antes do início espontâneo do trabalho de parto e quando associadaàidade gestacional (IG) abaixo da 37a semana é definida como Ruptura Prematura das Membranas Pré-termo (RPMPT). Acarreta complicações maternas e fetais em dois a 4% das gestações únicas; sendo a principal causa de prematuridade, representando 18% a 20% das mortes perinatais nos Estados Unidos da América.Objetivos: descrever os resultados maternos e perinatais e os associar ao índice de líquido amniótico (ILA) em gestantes comruptura prematura das membranas pré-termo no Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP). Métodos: estudo observacional retrospectivo, do tipo coorte, realizado no Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP), na enfermaria de gestação de alto risco, entre janeiro de 2008 a dezembro de 2012.Foram incluídas no estudo124 gestantes com diagnóstico de RPMPT e IG < 35 semanas. Foram excluídas as gestantes com diagnóstico de diabetes mellitus, hipertensão gestacional,malformações fetais,diagnóstico de infecção na admissão.Inicialmente foram determinadas as frequências e calculadas as medidas de tendência central e dispersão. Para se determinar a associação entre o ILA e os desfechos maternos e perinatais foram utilizados os testes de qui-quadrado eexato de Fisher, quando pertinentes, além da razão de risco (RR) e seu intervalo de confiança a 95% (IC95%). A correlação entre o ILA e osdesfechos maternos e perinatais foi determinada por regressão linear simples e a evolução do ILA durante a gestação foi analisada pelo test z. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa local sob o CAAE 0252.0.099.000-11.Resultados:a média da idade materna foi de 25,7  6,1 anos e a da idade gestacional (IG) no diagnóstico da RPMPT foi de 29,0  4,7 semanas. O ILA obteve uma média de 3,5  2,2 cm e a média do período de latência foi de 10,5 dias. Verificou-se que 64,5% das pacientes desencadearam o trabalho de parto espontaneamente. A taxa de parto vaginal foi de 88,2%.A complicação materna mais frequente foi a corioamnionite clínica.Os recém- nascidos apresentaram uma média do peso ao nascer de 1.711,3  668,2 gramas. A sepse neonatal foi observada em 12% e a mortalidade perinatal foi de 21,5% no grupo a partir da 24a semana e de 76,5% nas gestantes abaixo da 24a semana.Quando comparado os desfechos maternos em relação ao oligo-hidrâmnio grave (ILA < 3,0 cm) foi observado aumento do risco, estatisticamente significativo, para corioamnionite (RR: 3,42; IC95% 1,40 – 8,34). Em relação aos desfechos neonatais, o escore de Apgar menor que sete no primeiro minuto (RR 2,09; IC95% 1,19 – 3,68), a sepse neonatal (RR 3,60; IC95% 1,01 – 13,3) e a mortalidade neonatal precoce (RR 3,60; IC95% 1,18 – 10,9) e geral (RR 2,80; IC95% 1,29 – 6,09) foram mais frequentes nas gestantes com oligo-hidrâmnio grave.Observou-se ainda uma correlação positiva entre o ILA e a idade gestacional no parto, peso ao nascer e escores de Apgar no primeiro e quinto minutos. Houveuma diminuição do volume do líquido amniótico com avançar da idade gestacional. Conclusões:a mortalidade perinatal elevada e os desfechos maternos e perinatais desfavoráveis encontram-se associados ao oligo-hidrâmnio gravenas gestantes com RPMPT.